2000 – A conjunção de dois planos
Mario Sassi e Trino Tumuchy
O livro traz a história de um personagem intelectual mas leigo em questões espirituais que se inicia através da clarividente Neiva, uma pessoa simples, caridosa e bastante dedicada as atividades do espírito. Por conta dessas características, Neiva, é escolhida para se conectar com espíritos elevados e obter informações da história milenar dos antigos habitantes da terra e que ainda não fazem parte do nosso conhecimento científico. Um exemplo de contextualização do livro é a explicação das grandes construções dos egípicios com as antigas civilizações na América latina fazendo a conexão com espíritos de outros mundos.
Não se trata do resumo do livro e sim uma compilação dos trechos que considerei mais interessantes, dessa forma não precisarão ser lidos em sequência.
Prefácio
Este livro traz a chancela do Vale do Amanhecer, e isso significa autenticidade e desmistificação. O leitor que já conhece os livros precedentes, “No Limiar do Terceiro Milênio” e “Sob os Olhos da Clarividente”, sabe da nossa preocupação em simplificar, esclarecer e, principalmente, tornar cada assunto acessível a qualquer mente com adequação gradativa. A primeira medida nesse sentido é tornar claro que o concernente ao espírito e ao destino humanos não é aprendido somente pela mente aculturada escolarmente, mas, sim, pela receptividade de outra natureza, do conjunto psicofísico-espiritual, o ser humano tomado no seu todo.
A humanidade sempre se preocupou com sua origem e, mais ainda, com seu destino final. Mas, todos os esforços nesse sentido parecem, sempre, terminar nas incógnitas das revelações imprecisas, sejam elas científicas ou religiosas. Isso tem levado à dúvida, à insegurança e ao desespero final, tão bem caracterizados neste final de ciclo. A finalidade deste trabalho é trazer um pouco de tranqüilidade e segurança. A retrospectiva de 32 mil anos até nossos dias, com boas possibilidades de serem encontradas provas das afirmações, fornecerá à mente humana abundantes elementos de perspectiva, tanto da visão individual como coletiva. Também, as afirmações do campo psicológico são relativamente fáceis de serem verificadas. Por exemplo: qualquer ser humano, mesmo medíocre nas letras, poderá distinguir, no seu campo de consciência, quando os estímulos de suas ações têm origem no corpo, na alma ou no espírito.
A preparação
Outra coisa, que logo aprendi, é que as revelações não me eram feitas em função da minha capacidade intelectual ou cultural; eu as percebia por um merecimento de outra ordem, um estado sutil, notado apenas de relance. Assim é que entendi aquele máxima iniciática, que diz: “Quando o discípulo está preparado, o mestre aparece!”
Iniciação
Meu filho, – disse ele – você é um missionário de Deus e, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, terá que anunciar as premissas da civilização do III Milênio, recebidas por intermédio desta médium clarividente. Você dará testemunho do Espírito da Verdade, cuja missão é marcar a transição milenar. Os três anos que teve de aprendizado e disciplina seriam poucos se não fosse a grande bagagem de que é portador, pelas vidas que já teve neste planeta. Hoje mesmo, dar-lhe-ei as provas dessas vivências transcendentais. Mas não tente, nunca, ultrapassar a verdade, pois o Homem se alimenta, apenas, daquilo que se pode dar testemunho. A transição real irá começar em 1984, quando Capela, o Planeta Monstro, fizer sentir à Terra sua ação.
A missão
Nesse ponto, perguntei a ele se, realmente, tinha condições para essa missão de tanta responsabilidade. Ele, como se não me tivesse ouvido, continuou:
- Abrirei para você um novo mundo, e você escreverá com o Espírito da Verdade. A Clarividente, que coloco à sua disposição, tem seus olhos entregues a Nosso Senhor Jesus Cristo. Também você confiou a Ele sua paz e sua tranqüilidade, cujo penhor é a ausência de qualquer deslize moral. Tudo será feito por amor de um Deus todo poderoso, e estarei aqui sempre que você precisar de alguma afirmação.
E assim prosseguiu a missão, o preparo das bases que irão esclarecer a humanidade neste fim de era. Daqui partirá a preparação necessária para a interpretação correta dos fatos extraordinários que irão ocorrer nos dias que se seguirão. Aqui seremos os porta-vozes do Espírito da Verdade, que tão alto falou através de Kardec. Não advogamos exclusivismo, nem julgamos ser os únicos portadores das mensagens celestiais. Apenas proclamamos nossa autenticidade espiritual, nossa dedicação integral à ajuda aos nossos semelhantes e a ausência de qualquer interesse, seja pecuniário ou doutrinário.
Ninguém tem qualquer obrigação para conosco; nós é que temos obrigações para com a humanidade. Neste livro, seremos os portadores das notícias de um povo de outro planeta, chamado por nós de o “Planeta Monstro”, devido ao seu tamanho em relação à Terra. Seus habitantes são gente como nós, espíritos ocupando corpos físicos. São moleculares, mas sua composição é diferente da nossa. Seu planeta preside os destinos da Terra desde o princípio, e seu contato com os terráqueos se faz de muitas maneiras. Nos momentos decisivos, nas transições da Terra em sua trajetória infinita, esse contato se intensifica, se materializa. Esse povo sempre viveu entre nós, e nós sempre vivemos entre eles, e essa convivência sempre foi percebida. Apenas, o registro dessas relações é que tem sido feito de maneira precária, devido aos limites naturais dos seres humanos. Também, tais registros nenhuma utilidade teriam, pois apenas pareceriam interferências no sagrado direito de decisão, no livre arbítrio.
Para o ser humano, não é necessário saber como é Deus, nem o que Ele faz ou pretende. O importante é saber como é o ser humano, e o que ele faz ou pretende fazer. Mas, a pergunta surge naturalmente: por que, então, esse contato atual, e o que pretendem eles?
Essas respostas é que pretendemos dar neste livro.
Para começar, repetimos a afirmação acima: não se trata de um novo contato, mas, apenas, uma nova forma de contato. Eles agora virão, como já vieram no passado, fisicamente. Virão para nos ajudar na difícil e catastrófica passagem deste milênio para o próximo. Por enquanto, virão como socorristas, para nos conduzir através dos desastres físicos, psíquicos e espirituais, que se abaterão sobre nós nos próximos vinte ou trinta anos.
Sua própria maneira de chegar já são impactos desagradáveis. Mas tais impactos têm a finalidade de ensaios, de preparação para os acontecimentos do futuro próximo. Seus aparelhos irão causar assombro, e boa porção da humanidade vai-se apavorar, mas isso faz parte da sua didática. Muitas vezes é preciso, ao ser humano, se assombrar e se apavorar para poder enxergar a própria realidade.
Basta imaginar, por exemplo, um imenso aparelho metálico sulcando os céus em velocidade fantástica, com resultados danosos para as aerovias, as comunicações e o equilíbrio da atmosfera, para termos uma idéia do que pode acontecer. Se quisermos estar, realmente, preparados para esse e outros acontecimentos fora do comum, devemos, desde já, ampliar o nosso campo consciencional.
Os pólos da Terra se aquecerão, e o gelo neles contido irá se derreter. A imensa quantidade de água resultante irá se derramar pelos continentes e, com isso, os mares mudarão de posição. Terras emergirão e outras serão submergidas. Montanhas se tornarão pequenas ilhas e rachaduras abissais cortarão a Terra em todos os sentidos. Os climas sofrerão grandes transformações, e a água e o fogo se alternarão no fazimento da nova superfície da Terra.
As modificações orgânicas, resultantes dessas transformações, obrigarão a adaptações psicofísicas do ser humano atual. Essas adaptações são possíveis, pois o ser humano mal conhece sua potencialidade. Conceitos de alimentação, sono e capacidade respiratória terão de ser mudados, para que haja resistência às novas condições ambientais, principalmente no seu caráter mutável do período de transição.
Escola Interplanetária
A visão do planeta Capela foi a abertura de um curso interplanetário, paralelo à missão da Clarividente Neiva. Desde então, ela foi aperfeiçoando sua carreira sideral, vivendo simultaneamente em três planos vibracionais: na matéria densa, no mundo etérico e no plano espiritual.
Na concentração física, na sua personalidade, ela tem sido submetida a todas as provas da sua faixa cármica, vivendo a vida de relação com intensidade. No plano intermediário, na física etérica, ela foi aperfeiçoando seu contato com a matriz da Terra, o planeta-mãe, também conhecido pelo nome de Capela. No plano mais alto, o plano espiritual, ela se submeteu aos rigores da missão crística, com todos os percalços do Caminho da Cruz, do Evangelho e das lições que recebe dos Grandes Mestres.
Os reclamos das leis produzem efeitos dolorosos. O ser humano, nesta situação, procura, então, minimizar as dores, através de artifícios que lhe permitam manter-se nessa anormalidade, como um pássaro em vôo. Um dos artifícios mais comuns é a organização em grupo. Para que uns poucos possam se manter em “vôo espiritual”, outros executam as tarefas de relação. A isso não escapam nem os anacoretas das mais rigorosas iniciações. As lendas nos dizem que, em atitudes extremadas, certos místicos da Índia são sustentados por animais, que lhes levam o parco alimento.
O único ser humano que escapa, com maior perfeição, dessa situação, é o clarividente. Difícil, senão impossível, é saber como se forma um clarividente e o porquê da sua existência. O fato é que são seres raros, e aparecem, vez ou outra, na história deste planeta.
A palavra “clarividente” – “ver com clareza” – confunde-se com a palavra “vidente”- “ver o que não existe”. Confunde-se, também, com “vidência ampliada”. O termo, como se vê, não faz jus às qualidades do clarividente. Mas não se cunhou, ainda, um termo mais apropriado.
O fator magnético
Os mecanismos mediúnicos são muito variáveis e habitualmente se conhecem, apenas, os mais simples, como a vidência, audiência, olfatação, psicografia, incorporação, intuição, etc. Há muita coisa, ainda, a dizer sobre isso, pois o fenômeno é muito complexo. Outra forma de contato sutil é pelo desligamento do espírito do ser humano. O espírito se liberta do campo vibratório do corpo físico e penetra em outros planos, conservando o contato por um cordão fluídico. No plano em que vai operar, ele se entrosa e executa sua tarefa, retornando, depois, ao corpo. Muitas vezes, nessas excursões, ele delineia planos a serem executados pela sua personalidade. A eficiência, nesse caso, depende de sua capacidade na impregnação do ser sob seu comando, daquilo que pretende. Novamente o problema se apresenta em termos de precariedade. Conclui-se daí que a comunicação interplanos é difícil e complexa, mas essa dificuldade apenas mostra a Sabedoria Divina, que garante, em cada plano, a execução das tarefas fundamentais. Houvesse maior permeabilidade e o ser humano seria um indeciso permanente, e pouca coisa se completaria em cada plano.
O Jangadeiro Solitário
Temos percebido esse fato em nosso contato com as pessoas que nos procuram e que se consideram “iniciadas”. Invariavelmente, o foco de suas angústias são as falsas interpretações da realidade. É por isso, talvez, que a Cabala judaica adverte que “o grande não cabe no pequeno...”
A base física de nossa alma é o corpo e, mais diretamente, o cérebro e o sistema nervoso. Esse conjunto é perfeitamente adequado à nossa vida de relação. Nesse complexo harmonioso está registrado todo o conhecimento atávico, acrescido do aprendizado atual. Mas, esse registro, essa experiência acumulada, é bastante, apenas, às necessidades do ser físico, do espírito encarnado e não vai além de certo limite.
No terreno sentimental, a experiência foi mais sutil, e começou no período em que ela desenvolvia suas difíceis técnicas mediúnicas: o transporte e o desdobramento.
Embora parecidas, as duas coisas são diferentes.
No transporte, a parte consciente do espírito sai do corpo e este permanece no plano físico, sendo, apenas, uma pessoa que dorme. O que sai, que nós estamos chamando de “parte consciente”, é chamado e classificado de várias maneiras, conforme a corrente iniciática. Na verdade, consideramos o fenômeno como de difícil, senão impossível, entendimento da nossa razão limitada. O mais comum é se dizer que o espírito é que sai do corpo.
Mas, o transporte é um fenômeno que nos dá uma idéia muito nítida de duas entidades separadas: a alma e o espírito. O corpo que dorme tem toda sua vida em pleno funcionamento, e está, portanto, dirigido pelo seu princípio anímico, sua psique, sua alma. A outra parte, que chamamos, talvez indevidamente, de “o espírito”, fala, pensa, comunica-se e, como no caso de transporte com fonia, fala através do corpo.
No desdobramento, o médium apenas projeta uma parte de si mesmo. Essa projeção “vai” ao outro lugar, executa o que tem a fazer, mas com pleno domínio nos dois locais. Conforme as condições técnico-mediúnicas, a parte projetada pode até se materializar no local. Temos, assim, caracterizado o fenômeno da ubiqüidade, a presença simultânea de uma pessoa em dois locais diferentes. Mas o ser humano desdobrado não precisa, necessariamente, se materializar no local onde vai. Geralmente, os objetivos não exigem isso. Qualquer pessoa pode fazer uma experiência de desdobramento. Forjemos um exemplo: uma mãe está preocupada com um filho que faz uma viagem. Ela não tem certeza de que lhe fez todas as recomendações. Concentra-se, às vezes no meio de um afazer doméstico, e visualiza o filho no local em que está. Esse, sem saber o que se passa, lembra dela e recebe os conselhos, como se a estivesse vendo e ouvindo. Ela sai da abstração, o fenômeno cessa, e ele continua, tranqüilamente, sua viagem.
Nós e o universo
A resposta nos parece clara e simples: essa forma é o limite do ser encarnado, qualquer que seja a dimensão onde penetre. Ele não tem possibilidades na formação de idéias além da sua experiência, da sua alma; o Universo é imenso, mas o universo humano é limitado, finito. Mesmo que, por hipótese, considerássemos os conceitos teológicos, místicos e religiosos como científicos, ainda assim estaríamos encerrados na redoma de nossas concepções. Mesmo a “revelação” religiosa se traduz, sempre, na ideologia, num sistema fechado.
A Teologia e a Ciência representam os pólos extremos de nossa alma, mas ambas correspondem, apenas, a uma realidade aparente. A Teologia nos fala da alma, do espírito e da natureza de Deus, apenas como concepções estratificadas nos momenta filosóficos e sociais. A Ciência, encerrada nas conceituações do mundo denso da matéria, apresenta o Universo apenas num dos seus aspectos – o físico – e o considera como sendo o todo.
A ambas falta uma realidade mais palpável, algo que corresponda a resultados verificáveis, pelo menos relativamente, ao conjunto do Universo. Falta ao juízo humano o conhecimento do intermediário, do fenômeno entre os dois extremos, dos acontecimentos reais, palpáveis, sensíveis do cotidiano, mas que não são explicados em nenhum dos extremos citados.
É nesse plano que devemos situar os fenômenos parapsicológicos, no seu sentido exato de além do psicológico. Nesse âmbito é que estão contidas as iniciações, as práticas esotéricas, o mediunismo, o espiritismo, a parapsicologia, que poderiam ser englobados num termo único: Ciência Espiritual. Mas, antes da concepção, existem os fenômenos, os fatos. Não foi o Espiritismo que criou espíritos autônomos, sem corpo físico, mas, sim, os espíritos é que forneceram as bases para o relacionamento com eles. E foi apenas o hábito mental estratificado e o dualismo ciência-religião que deu características religiosas à obra de Kardec. É por isso, talvez, que ele declara nos portais de sua obra: “Se o Espiritismo não se tornar Ciência, ele perecerá!”
Nossa atitude, agora, não pode ser mais a de quedar à espera, sonhar em meio às dores, procurar o isolamento ou formas de fugir aos problemas, fechar os olhos ao desespero em torno de nós. Nem isso será muito possível daqui para a frente. Quando começarem a aparecer os sinais no céu, a escuridão dominar a luz do Sol, os abismos quilométricos se abrirem no seio da Terra, as águas jorrarem nos desertos e secarem os mares, calores e frios gélidos se alternarem, quem poderá se isolar? Adiantará ser rico, culto ou poderoso? Adiantarão as leis humanas e as artimanhas da economia? Quem irá escapar das doenças estranhas e sem antídoto?
E qual a atitude correta diante dessas ameaças? Talvez seja, somente, a de ter olhos para ver e ouvidos para ouvir.
As catástrofes não têm importância, pois destruirão, apenas, corpos físicos. Será matéria contra matéria. Mas eles se preocupam é com a desilusão dos espíritos, o fracasso da missão evolutiva, o não cumprimento dos propósitos civilizatórios. Morrer fisicamente é banalidade, é natural, e tanto faz a morte tranqüila como a violenta. O que nos preocupa é a reação humana, a atitude diante do que virá, como iremos receber tais coisas.
Comunicação Interplanos
Nessa intensa atividade, o Homem ampliou seu campo consciencional para mais longe de si mesmo. Os resultados trazem, em si, certa frustração. As alegrias que a conscientização do Universo estão trazendo são empanadas pela mesquinhez da vida terráquea, exigente, confusa, incerta. Hoje, as notícias das tentativas de conquista do cosmos se diluem em nossa angústia psíquica. Por que essa contradição?
Talvez porque estejamos enxergando longe, muito longe, e tenhamos perdido de vista o que está próximo, muito próximo. Procuramos ver as coisas com as extensões dos nossos sentidos, nossos tentáculos mecânicos; vamos longe, mas deixamos a nossa casa desocupada. Enquanto isso, a poeira cobre os aparelhos sensíveis com que a natureza nos dotou, nossas capacidades extrasensoriais, que só funcionam à revelia de nossa consciência. Estamos demasiado inconscientes de nós mesmos.